Una Salus Victus Revisitado

terça-feira, novembro 14, 2006

O som da Inevitabilidade

É-me difícil olhar para ti ,sem pensar no que juntos poderíamos ser.

Mas a esperança que tenho disso acontecer é ténue e simultaneamente tão opaca como o nevoeiro.

Não consigo ver o meu futuro sem ti! Nem o vejo contigo!.

E assim, vou padecendo a pouco e pouco, numa agonizante morte anunciada, a caminho de um novo renascimento qual Fénix.
Ou pelo menos assim pretendo e espero!

Não há, pois, razão no mundo para que a Senhora Morte me leve.
E por isso a garantia é de que continuarei vivo, que não serei mais a um a morrer por amor ou de amor.

Sobreviverei!

Sobreviverei como o amor que une e afasta de ti.

Melhor viverei!

Continuarei sem ti, a carregar a chama de um amor que não correspondes, até que se apague.

Continuarei até que alguém se atreva a acender uma nova chama.

No meio desta, desesperança, há uma imagem dramática que me atrai, pela oportunidade de ser verdadeiro e por não ter de enfrentar as consequências do acto declamador:

Uma visita ao médico, alguns exames.
Uma descoberta!

- Tenho de lhe dizer algo que não é fácil! Você tem alguns meses de vida. O seu sangue não oxigena.... bla bla...

Nessa altura entre o choque da notícia e o desabar do mundo o que resta da minha consciência pensa em ti, como a corda que me salva por instantes...

Corro a ter contigo, mesmo antes de contar ao mundo que finalmente se verá livre do meu génio ou da minha falta...

Chamo-te à parte...
Confesso o meu amor por ti.

Oiço-te dizer que não queres ter nada comigo.

E remato com:
- Querida eu sei...Mas também não importa, tenho apenas mais uns meses de vida.

Tu chocada e perante chocante noticia, desfaleces...
E num último acto, desonesto, acordo-te com beijo roubado...


Deixo-te...no meio de um nevoeiro pouco cerrado.
Sentada num último lugar acolhedor, tentando digerir as novas, que em breve serão memórias...

Deixo-te...

Entro no meu carro e desapareço...
Para te escrever uma última carta.
De amor...


Um pouco rebuscado este cenário, digno de Hollywood.
Aliás não posso afirmar que não seja um cena de um filme.

Mas seria a cena do cobarde.
E felizmente para minha própria existência, nunca se realizará.

Mas serei cobarde e não te direi que te amo.

Até porque já o sabes!

E por enquanto e enquanto te vir nos meus dias, ficarei feliz.

Mas depois disso, não sei o que vai acontecer.
Até porque essa é a essência da existência Humana:

Nunca se sabe o que vai acontecer amanhã!

Quem sabe? Nada é inevitável!