A Montanha e a Caverna
Esta é uma fábula sobre viver!
Num mundo onde amar é mais complicado do que se pensa e faz-nos ter esperança em coisas impossíveis!
Todos os meus fins-de-semana, os livres pelo menos, ia escalar uma montanha, pequena é certo, mas uma montanha!
De todas as vezes que a escalei, nunca consegui chegar ao seu topo.
Por medo, faltou sempre a coragem para chegar ao último metro!
Fosse pelo medo incutido por outros, fosse pelo medo de chegar ao desconhecido!
Durante 5 anos, continuei a escalar essa montanha, sem nunca chegar ao seu topo.
Um dia, no entanto, surgiu uma outra pessoa a escalar a minha montanha.
Perante a competição, consegui chegar, cumprir o ultimo metro!
Descobri que a minha montanha era um vulcão.
O que explicou o calor que sentia sempre que encostava nas suas encostas.
E esse calor aconchegante manteve-me vivo tantas vezes.
Decidi descer pelo cone, descer à caverna! Descobrir o seu interior.
Mas cheguei tarde!
A concorrência chegara primeiro ao MEU calor.
Mas não compreendia o seu calor!
Nem a magia que ele transmitia.
De repente percebi que o meu maior tesouro, escapara-me pelos dedos!
Sempre estivera numa caverna desconhecida, sob meus pés!
E nunca, até aquele momento, compreendera o que significava.
Agora, nas mãos de outro, fico entristecido!
A olhar para a minha montanha, usurpada.
Tenho de reconhecer que ela nunca fora realmente minha.
Mas considerava-a minha.
De facto, aprendi a amar essa montanha-vulcão, com o mesmo amor com que se ama a vida!
Agora era tarde!
De vez em quando ainda me passa na cabeça roubar esse tesouro!
Mas não seria justo.
Terá de ser o próprio tesouro da montanha a mostrar-se novamente a mim!
Mas o que me custa mesmo é que quem tem esse tesouro, não sabe o que tem em mãos!
Nem sequer sabe ou sonha o verdadeiro valor do tesouro.
Torna-lo algo de mau, destruir a sua essência!
Tenta ignora-lo ou conduzi-lo como se de uma ovelha se tratasse!
Cuidado, amigo! A lava não perdoa o mal que lhe fazes!
Acredito que há-de ficar sem esse tesouro.
Pois a natureza não tolera os abusos.
Mas ate lá, só posso ver a montanha de longe e esperar que um dia possa voltar a escala-la!
Mas sem o calor, sem o meu tesouro, sinto-me sem fulgor.
Mas a paciência e a própria natureza, que a montanha gerou, ensinou e fomentou em mim, talvez um dia me acolha no seu ventre!
Mas, mesmo que nunca mais escale essa montanha, declarei-me seu protector!
Compreendo-a, sinto-a, como se de fizesse parte, esse monte de terra, rocha, basalto, lava e magma, é algo tão vivo e real, que sinto-a como uma pessoa!
Sinto-a como ser pensante.
Mas tarde descubro esta maravilha!
Quem sabe se um dia conseguirei dar-lhe as flores que tanto precisa, o sol que precisa, o amor que realmente precisa.
Vou continuar a viver!
A procura de uma montanha mais alta!
Mas sei que nunca irei encontrar esse calor que manteve vivo.
O meu real destino é o de procurar, buscar!
Como outros antes, serei aquele que vai desbravar novos mundos.
Travar novas batalhas!
O meu destino está nas minhas mãos!
Mas continuo insensatamente a espera de uma luz, de uma erupção vulcânica que escorrace o usurpador.
Ela vai acontecer.
Quiçá amanha...quiçá daqui a 20 anos.
Mas vai acontecer!
Ate lá, espero! E protejo o que puder!
É o meu caminho! É o caminho que escolhi.
E no meio da tristeza, saber que o caminho que sigo é o caminho que escolhi, conforta-me!
E ate fortalece-me.
Essa é a minha natureza nunca desistir de sonhar, de desejar, de almejar fazer o último metro!
Agora já não tenho medo desse metro!
Só tenho medo de o não conseguir fazer de novo!
Mas espero pacientemente, o dia em que a montanha se lembre, que estou à sua espera!
GDTM
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