Almoço, sem Direito a Jantar! Mas com Dança!
Digo-o por estas palavras, porque foi desta maneira que me transmitiste a tua existência encantada hoje!
Mas ambos sabemos o que estas mudanças custam!
E tu sabes melhor as lições que elas oferecem. Assim preciso do teus Olhos!
Hoje, durante a viagem que fizemos, pela Pele por Cartas e pela Solidão, senti o desejo de Mulher, da Mulher e pela Mulher!
Percebi que a mais bela palavra é apenas utilizada pela e para a mulher. E no entanto a mulher, tendo essa virtude é para alguns menos do que essa palavra vale.
Mas essas palavras escritas num papel, são tão valiosas para mim.
Com menos valor pois! Pois é desejo de quebrar o selo, como a criança que rasga o papel do seu presente.
Nem me cabe o papel de rasgador de papeis, pois a prenda escondida é vazia, sem que o papel queira ser. E eu não sou Valmont!
E no entanto enquanto dançava contigo nada, disso me passava pela cabeça, e apetecia-me, sem rasgar o papel, toda noite estar contigo. Porquê?
Porque não sei o que procuro, nem o que devo descobrir, ou se sou procurado. Mas porque sei, que preciso dos teus olhos!
Olhei para Valmont e para uma Marquesa desnuda. E senti-me Dantesco!
Não olhei para um corpo nu, como quem olha para obra de arte, nem como olhei como deseja comer um doce choro.
Olhei para o conteúdo, sem olhar a forma. E sinto-me ainda Dantesco!
Queria ter visto a forma, o edificio que era banhado. E só vi luz interior!
A de um espirito! Que espicaçava com palavras, tanto como com o seu desnudar!
Olhei e não vi!
No seio desse espírito, o desejo não estava.
Num sexo mostrado, não havia essa paixão! E a dança, suave dança húmida pelo banho de palavras, só me trazia o teu olhar à mente!
Olhei para Valmont, desprovido da masculinidade mentirosa, convencendo a pureza de um ser, da virtude de um desfolhar.
Olhei para uma Marquesa voluptuosa nas palavras provocantes e tão venenosas como o vinho último que Cristo tomou.
A sua morte não advinha do vinho, nem de veneno, mas da traição dos homens... e da mulher original.
Senti-me na pele de um Valmont, este desprovido de encantos, negando para o mundo, o óbvio da sua essência! Sem, no entanto, falar a verdade que o erguer de algo pudesse demonstrar.
Quando era Valmont, a minha existência desprovida de sentido, engrandecia o desejo. Agora não....Não o sou mais.
Como? O que é isso?
O meu coração não sabe o que é isso!
É uma fase da lua?
Faz parte de um Solistício? É um Planeta?
Uma ilha num mar revolto?
Ou uma tempestade num oceano!
Não o sei.... Terei de descobrir!
Afinal, talvez Valmont não tenha perecido!
Talvez o desejo seja o seu motor e o papel por rasgar, o seu combustível!
Mas como aquelas caixas que serviam de ecran para o ínicio desta viagem, estou preso por um fio, vazio de conteúdo!
Mas sinto-me bem como projecção do que posso Ser!
Desejo novamente dançar contigo! Partilhar algo que nunca antes vi ou senti!
O desejo de não ter de desejar.
Sossegadamente palmilhando o caminho. Aprendendo sem ter de empenhar o coração que resta!
A minha pergunta é: Queres Dançar Comigo Outra vez?
Confesso que escolhi o caminho mais dificil, pois a pergunta poderia ter sido feita no momento em que Valmont partia.
A verdade é que não quis ouvir nem o sim, nem o não!
Quis apenas dançar...
1 Comments:
qualquer dia vais escrever um argumento para um filme do manoel de oliveira
By Anónimo, at 07 setembro, 2006 09:14
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