Una Salus Victus Revisitado

quarta-feira, agosto 30, 2006

Almoço, sem Direito a Jantar! Mas com Dança!

Sabes bem que continuo a procurar a minha momentânea cara-metade.

Digo-o por estas palavras, porque foi desta maneira que me transmitiste a tua existência encantada hoje!

A fazer fé nas tuas palavras, a mudança é a única constante. E uma constante imutável!

Mas ambos sabemos o que estas mudanças custam!

E tu sabes melhor as lições que elas oferecem. Assim preciso do teus Olhos!

Hoje, durante a viagem que fizemos, pela Pele por Cartas e pela Solidão, senti o desejo de Mulher, da Mulher e pela Mulher!

Percebi que a mais bela palavra é apenas utilizada pela e para a mulher. E no entanto a mulher, tendo essa virtude é para alguns menos do que essa palavra vale.

Mas essas palavras escritas num papel, são tão valiosas para mim.

Com menos valor pois! Pois é desejo de quebrar o selo, como a criança que rasga o papel do seu presente.

Nem me cabe o papel de rasgador de papeis, pois a prenda escondida é vazia, sem que o papel queira ser. E eu não sou Valmont!

E no entanto enquanto dançava contigo nada, disso me passava pela cabeça, e apetecia-me, sem rasgar o papel, toda noite estar contigo. Porquê?

Porque não sei o que procuro, nem o que devo descobrir, ou se sou procurado. Mas porque sei, que preciso dos teus olhos!

Olhei para Valmont e para uma Marquesa desnuda. E senti-me Dantesco!

Não olhei para um corpo nu, como quem olha para obra de arte, nem como olhei como deseja comer um doce choro.

Olhei para o conteúdo, sem olhar a forma. E sinto-me ainda Dantesco!

Queria ter visto a forma, o edificio que era banhado. E só vi luz interior!

A de um espirito! Que espicaçava com palavras, tanto como com o seu desnudar!

Olhei e não vi!

No seio desse espírito, o desejo não estava.

Num sexo mostrado, não havia essa paixão! E a dança, suave dança húmida pelo banho de palavras, só me trazia o teu olhar à mente!

Olhei para Valmont, desprovido da masculinidade mentirosa, convencendo a pureza de um ser, da virtude de um desfolhar.

Olhei para uma Marquesa voluptuosa nas palavras provocantes e tão venenosas como o vinho último que Cristo tomou.

A sua morte não advinha do vinho, nem de veneno, mas da traição dos homens... e da mulher original.

Senti-me na pele de um Valmont, este desprovido de encantos, negando para o mundo, o óbvio da sua essência! Sem, no entanto, falar a verdade que o erguer de algo pudesse demonstrar.

Quando era Valmont, a minha existência desprovida de sentido, engrandecia o desejo. Agora não....Não o sou mais.

Falaste hoje em “Apaixonar-me?”.

Como? O que é isso?

O meu coração não sabe o que é isso!

É uma fase da lua?

Faz parte de um Solistício? É um Planeta?

Uma ilha num mar revolto?

Ou uma tempestade num oceano!

Não o sei.... Terei de descobrir!

Afinal, talvez Valmont não tenha perecido!

Talvez o desejo seja o seu motor e o papel por rasgar, o seu combustível!

Mas como aquelas caixas que serviam de ecran para o ínicio desta viagem, estou preso por um fio, vazio de conteúdo!

Mas sinto-me bem como projecção do que posso Ser!

Desejo novamente dançar contigo! Partilhar algo que nunca antes vi ou senti!

O desejo de não ter de desejar.

Sossegadamente palmilhando o caminho. Aprendendo sem ter de empenhar o coração que resta!

A minha pergunta é: Queres Dançar Comigo Outra vez?

Confesso que escolhi o caminho mais dificil, pois a pergunta poderia ter sido feita no momento em que Valmont partia.

A verdade é que não quis ouvir nem o sim, nem o não!

Quis apenas dançar...

Já agora, há muito escrevi sobre Pele, talvez sobre tua... Talvez de outro momento!